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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sonhando com a Chuva

Chegou a hora de acabar com o jejum de publicações aqui do blog. Passei quase dois meses “calado”, porém, as visitas continuaram. Muito obrigado!

Pensei em falar um pouco do Euro, dá Grécia, da crise. Li, reli, tentei resumir o assunto. Tirar alguma conclusão. Explicar que aquilo lá vai acabar mal. Deixa isso pra depois.

Hoje, 21/05/2012, encontrei um texto esquecido. Ele foi escrito nos últimos anos (não lembro exatamente em que ano), mas fala de 2012 (ou de 1877, quando cerca de 500 mil pessoas morreram por causa da seca; ou do período 1979/85, momento da mais longa e avassaladora seca do século passado).


Sonhando com a Chuva

Dá saudade de quando a água fazia o maior ruído. Parecia festa de São João. Cada gota que batia no telhado era um foguete de alegria. Era água que escorria pra todo lado. Enchia rio, açude, lago. Ninguém rezava pra chover porque chuva era rotina e sempre era bem-vinda.

No quintal de cada casa só se via o verde. Não tinha fartura. Ninguém reclamava. Tinha água correndo, tinha verde brotando. Feijão na mesa, leite no copo, carne de segunda a segunda.

E era melhor ainda para as crianças. Tomar banho no rio era a diversão do fim de semana. E quem tinha um anzolzinho conseguia até pegar um peixinho de vez em quando.

Até trovoada dava. E era um medo só. Era gente trancando a porta. Era reza, frio e cobertor. Mas eram sempre boas novas que o céu mandava. Era a continuidade. Sempre recebíamos aquelas noticias lá de cima. A semente na terra fazia festa.

Agora eu sei que cada segundo de cada paisagem é único. Nenhuma daquelas paisagens se repetiu. Nem no mesmo lugar. Água passada no rio é passado.

O ruído de hoje é lágrima. E cada gota parece terremoto. É reza pra chover, é choro pra comer. E como entender que o que vinha do céu não vem mais. E tudo ficando oco. Seco por fora. Seco por dentro. Terra rachada. Semente quebrada.

Amanhã vai ter festa de novo. É dia de São José. Chuva no dia do Santo é boa nova pra quem depende do que o céu manda. E eu sonhei. Amanhã é dia de trovoada. Já separei cobertor, já plantei semente. Santo em sonho não mente.