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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Se escola fosse estádio e educação fosse Copa, por Jorge Portugal

Passei, nesses últimos dias, meu olhar pelo noticiário nacional e não dá outra: copa do mundo, construção de estádios, ampliação de aeroportos, modernização dos meios de transportes, um frenesi em torno do tema que domina mentes e corações de dez entre dez brasileiros.

Há semanas, o todo-poderoso do futebol mundial ousou desconfiar de nossa capacidade de entregar o “circo da copa” em tempo hábil para a realização do evento, e deve ter recebido pancada de todos os lados pois, imediatamente, retratou-se e até elogiou publicamente o ritmo das obras.

Fiquei pensando: já imaginaram se um terço desse vigor cívico-esportivo fosse canalizado para melhorar nosso ensino público? É… pois se todo mundo acha que reside aí nossa falha fundamental, nosso pecado social de fundo, que compromete todo o futuro e a própria sustentabilidade de nossa condição de BRIC, por que não um esforço nacional pela educação pública de qualidade igual ao que despendemos para preparar a Copa do Mundo?

E olhe que nem precisaria ser tanto! Lembrei-me, incontinenti, que o educador Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação e hoje senador da República, encaminhou ao Senado dois projetos com o condão de fazer as coisas nessa área ganharem velocidade de lebre: um deles prevê simplesmente a federalização do ensino público, ou seja, nosso ensino básico passaria a ser responsabilidade da União, com professores, coordenadores e corpo administrativo tendo seus planos de carreira e recebendo salários compatíveis com os de funcionários do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal. Que tal? Não é valorizar essa classe estratégica ao nosso crescimento o desejo de todos que amamos o Brasil? O projeto está lá… parado, quieto, na gaveta de algum relator.

O outro projeto, do mesmo Cristovam, é uma verdadeira “bomba do bem”. Leiam com atenção: ele, o projeto, prevê que “daqui a sete anos, todos os detentores de cargo público, do vereador ao presidente da República serão obrigados a matricular seus filhos na rede pública de ensino”. E então? Já imaginaram o esforço que deputados (estaduais e federais), senadores e governadores não fariam para melhorar nossas escolas, sabendo que seus filhos, netos, iriam estudar nelas daqui a sete anos? Pois bem, esse projeto está adormecido na gaveta do senador Antônio Carlos Valladares, de Sergipe, seu relator. E não anda. E ninguém sabe dele.

Desafio ao leitor: você é capaz de, daí do seu conforto, concordando com os projetos, pegar o seu computador e passar um e-mail para o senador Valadares (antoniocarlosvaladares@senador.gov.br) pedindo que ele desengavete essa “bomba do bem”? É um ato cívico simples. Pela educação. Porque pela Copa já estamos fazendo muito mais.

Jorge Portugal é educador, poeta e apresentador de TV. Idealizou e apresenta o programa “Tô Sabendo”, da TV Brasil.
Fonte: Terra Magazine

Jogos de Londres

Os Jogos Olímpicos de Verão de 2012 serão realizados na cidade de Londres, de 27 de Julho a 12 de Agosto de 2012.

Os organizadores dos Jogos de 2012 mandaram um recado para o mundo: é possível gastar pouco, cumprir prazos, cuidar do meio ambiente.

Será que o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e o CPO (Conselho Público Olímpico) entenderam o recado?  

Jogos de Londres

- O custo final deverá ficar em torno de 7,5 bilhões de libras (cerca de R$ 19 bi), 1,8 bilhões de libras (R$ 4,5 bi) a menos do que previa o orçamento.

- A um ano da abertura, todas as seis arenas permanentes propostas para os Jogos já estão prontas e devidamente inauguradas - 90% de todos os palcos.

- De cada libra investida, 75 centavos foram destinados à regeneração do meio ambiente.

- Quase todo o material de demolição da área antes degradada foi reaproveitado.

 
Everaldo Júnior
 
   
Veja matéria do Estadão
 
Economia de R$ 4,5 Bi

Os Jogos de 2012 têm planejamento exemplar e hoje, a um ano do evento, festeja conclusão de 90% das obras em cerimônia

Giuliander Carpes - O Estado de S.Paulo

Um ano antes da abertura dos Jogos de Londres, uma certeza os organizadores já têm: gastarão menos do que o estimado na construção das arenas e obras de infraestrutura. O custo final deverá ficar em torno de 7,5 bilhões de libras (cerca de R$ 19 bi), 1,8 bilhões de libras (R$ 4,5 bi) a menos do que previa o orçamento.

E quando Tom Daley, que virou celebridade na Grã-Bretanha ao se classificar para o salto da plataforma da Olimpíada de Pequim com apenas 14 anos, mergulhar hoje na piscina do Parque Aquático, todas as seis arenas permanentes propostas para os Jogos já estarão prontas e devidamente inauguradas - 90% de todos os palcos.

"A um ano da abertura, esta é a melhor preparação para uma Olimpíada que eu já vi", elogiou o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, que hoje convidará o mundo todo a participar dos Jogos em evento na famosa Trafalgar Square. "Não tenho a menor preocupação. As obras estão dentro do prazo e do orçamento."

Não houve mágica. Na verdade, quando Londres se candidatou a receber os Jogos previu um orçamento de 4 bilhões de libras esterlinas (R$ 10 bi). Mas a estimativa se mostrou totalmente imprecisa e em março de 2007 a cidade aprovou o novo plano.

Equalizar tempo e dinheiro é fundamental. O comitê organizador tentou convencer os construtores - 98% ingleses - que gastar pouco e entregar as obras no prazo seria um diferencial para as empresas se candidatarem a outras obras pelo mundo e se recuperarem da crise econômica. Deu certo.

"Como país e como indústria, devemos ficar orgulhosos e tentar maximizar as oportunidades por todo o mundo enquanto as memórias do que podemos fazer ainda estão frescas", disse John Armitt, chefe da Autoridade Olímpica.

Jogos da sustentabilidade. A promessa é de que Londres receba os Jogos mais verdes da história. De cada libra investida, 75 centavos foram destinados à regeneração do meio ambiente. E o bairro inteiro onde fica o Parque Olímpico, Stratford, marginalizado há mais de 50 anos, está sendo revitalizado.

"Foram dois anos de planejamento antes de fazer qualquer coisa no local", lembrou Dan Epstein, chefe de desenvolvimento sustentável e regeneração da Autoridade Olímpica. Foi construído um centro de energia para o Parque com baixa emissão de carbono, que posteriormente será utilizado pelo bairro.

Quase todo o material de demolição da área antes degradada foi reaproveitado. "Demolimos 240 prédios, limpamos os detritos e reutilizamos. Isso significa que 2 milhões de metros cúbicos de terra foram mantidos no local, o que corresponde a 85% do material utilizado na obra. E isso significou 16 mil caminhões a menos nas estradas", explicou.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Márcio Pochmann: 70 anos de salário mínimo no Brasil

Márcio Pochmann: 70 anos de salário mínimo no Brasil

Por Márcio Pochmann*, na Revista Fórum

A política do salário mínimo no Brasil passou por profundas modificações, seja em seu objetivo, seja em seus resultados, desde sua introdução pelo presidente Getúlio Vargas, em 1940, durante o regime autoritário do Estado Novo (1937–1945). Sua história, contudo, registra quatro fases distintas.

A primeira, entre 1940 e 1951, abrange a instituição e consolidação do valor do mínimo para os trabalhadores urbanos desde a fixação, em 10 de maio de 1940, do primeiro valor monetário. A segunda fase, entre 1952 e 1964, foi marcada pela elevação do poder de compra, como a incorporação de parte dos ganhos de produtividade da economia, ainda sem incluir os trabalhadores do setor rural. Nesse período havia 29 níveis de salário mínimo no país.

A terceira fase diz respeito aos anos de 1964 a 1995, quando a política do mínimo afastou-se e permaneceu distante dos objetivos originalmente definidos em 1940, embora tenha se mantido como um importante mecanismo de intervenção do poder público no mercado de trabalho. Os camponeses e as empregadas domésticas foram incorporados pela política do salário mínimo durante a fase de rebaixamento do seu valor real, apesar de a Constituição Federal de 1988 ter estabelecido compromissos políticos com a recuperação do seu poder de compra. A quarta fase inicia-se a partir de 1995, com o valor real do salário mínimo sendo elevado gradualmente acima da inflação. No ano de 2009, por exemplo, seu poder aquisitivo foi 74,1% superior ao de 1995, porém se manteve valendo apenas 43,7% do que era em 1940.

Mesmo ainda distante de seus objetivos originais, o mínimo nacional, por ser a remuneração de ingresso no mercado de trabalho organizado e a base da hierarquia salarial de grande parte das empresas, se mantém como referência dos salários dos empregos secundários (não-chefes de família, mulheres e jovens), de empregos com alguma qualificação no início da carreira e, sobretudo, de trabalhadores (chefes de família) sem qualificação. No ano de 2008, por exemplo, 46,1 milhões de brasileiros tinham remuneração mensal referenciada no valor do salário mínimo, o que representa 49,9% da população trabalhadora. Desse universo, 18,5 milhões eram beneficiados da Previdência Social, 14 milhões eram empregados assalariados, 8,5 milhões eram ocupados por conta própria, 4,7 milhões eram trabalhadores domésticos e 276 eram empregadores.

O setor público emprega somente 1% do total dos brasileiros com remuneração referenciada no valor do salário mínimo, o que equivale somente a cerca de 485 mil pessoas, sendo 6,2 mil na administração federal, 120,7 mil na administração estadual e 357,4 mil na administração municipal. Entre os que recebem o valor do mínimo nacional, 52% são homens e 48% são mulheres, enquanto 71% vivem nas cidades e 29% no meio rural. O setor de serviços absorve 44,2% dos ocupados com remuneração de até um salário mínimo, seguido de 29% no setor agrícola, de 13,4% na indústria e de 10,6% no comércio. A região Nordeste concentra a maior parcela dos ocupados recebendo o salário mínimo nacional (58,6%), enquanto a região Sul apresenta a menor parcela (20,7%), seguida do Sudeste (22,5%), Centro Oeste (28,1%) e Norte (39,7%).

Decorrente do movimento de queda no valor do salário mínimo, o Brasil se transformou, ao contrário de outras economias que avançaram no seu processo de industrialização, num país de baixos salários. A permanência de um imenso contingente de trabalhadores ganhando tão pouco não pode ser atribuída ao fator econômico, já que entre 1940 e 2009 a renda per capita multiplicou-se por 6,5 vezes, enquanto o valor do mínimo não chega nem à metade do que era no momento de sua criação.

Se a atual Constituição Federal fosse observada, o valor do salário mínimo deveria ser capaz de atender às necessidades do trabalhador e de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que preservem seu poder aquisitivo. Não há dúvidas, porém, de que tais normas ainda não são cumpridas. O mínimo é suficiente para atender ao consumo de 13 alimentos básicos para uma pessoa, mas não para a alimentação de uma família e para as demais despesas que a Constituição define. Em São Paulo, por exemplo, o valor do salário mínimo comprava duas cestas básicas com 13 alimentos, enquanto em 1995 podia adquirir somente uma. Apesar deste avanço em relação à cesta básica, percebe-se que o salário mínimo necessário para atender todas as necessidades básicas, para além da alimentação individual, alcançou a soma de R$1.995,91 em dezembro de 2009. Ou seja, 4,3 vezes o salário mínimo vigente naquele mês. Como o Brasil pagou salário mínimo com maior valor, mesmo tendo a economia nacional capacidade de produzir e empregar mão de obra bem menor que a atual, entende-se que a política de recuperação do valor real do mínimo não pode parar. Se o Brasil almeja ser um país desenvolvido precisa considerar o crescimento contínuo do salário mínimo, conforme se observa na Dinamarca, cujo mínimo anual equivale a mais de 2/3 da renda nacional per capita.

Por ter como objetivo contrabalançar as tendências inerentes ao funcionamento do mercado de trabalho de gerar salários decrescentes e emprego precário, o que acentua a desigualdade da renda, a atual política de salário mínimo precisa ser mantida. Seguindo a tendência verificada desde 2007, quando foi criada a política de reajuste real do mínimo, serão necessários 27 anos para que o atual valor do salário mínimo passe a cumprir o preceito constitucional, ou 15 anos se a meta for o poder aquisitivo do primeiro valor do salário mínimo de 40 anos atrás.


*Márcio Pochmann é presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Fonte: Fórum (essa matéria é parte integrante da edição impressa da Fórum 86).

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Procuram-se prefeitos?

Quer encontrar hipócritas, bandidos, sonegadores de impostos, pessoas que enriqueceram da noite para o dia? Procure um prefeito. Qualquer um? Não!!! Tem sempre exceção. Eu acho que tem!

Nas prefeituras, os escândalos se multiplicam. Prefeito metendo a mão na verba da merenda, obras que nunca são concluídas, superfaturamento...

E a Justiça? E o Ministério Público? TCU? CGU? Polícia Federal?

CGU investiga. Polícia Federal prende. Justiça solta.

Ministério Público denuncia. Justiça arquiva.
 
Vamos ver um caso atual envolvendo um prefeito:
 

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais decidiu manter no cargo o prefeito eleito de Dom Cavati (MG), Jair Vieira Campos, que admitiu ser analfabeto. A corte confirmou na terça-feira, 5, a improcedência de uma ação de impugnação de mandato eletivo proposta pelo Ministério Público Eleitoral e pelo candidato derrtado à prefeitura Pedro Euzébio Sobrinho (PT). Segundo a ação, o prefeito teria falsificado o documento comprobatório de escolaridade, quando o apresentou à Justiça Eleitoral no registro de candidatura.

Em vídeo que circula no YouTube, o prefeito aparece admitindo em comício ser analfabeto e ter comprado o diploma. “Comprei o diploma, sou analfabeto, mas sei trabalhar”, afirma Jair no vídeo.

No entanto, segundo a relatora do processo, juíza Luciana Nepomuceno, não há motivos no processo para cassar o prefeito. Segundo ela, “se o diploma é falso ou não, teremos que ir à seara criminal para apurar o suposto delito”. E concluiu que “não existe nessa conduta a potencialidade de se macular o pleito eleitoral porque ele trouxe a comprovação de que é alfabetizado”". O desembargador Brandão Teixeira, vice-presidente e corregedor do TRE-MG, ao concordar com a relatora, afirmou : “Esse diploma, verdadeiro ou falso, não influiu no resultado das eleições”. Com a decisão, o TRE confirmou a sentença do juiz eleitoral de Inhapim (Zona Eleitoral a qual pertence Dom Cavati), pela improcedência da ação.

A eleição de 2008 em Dom Cavati terminou empatada entre os dois candidatos – Jair e Pedro -, que receberam 1.919 votos cada. Sobrinho, que tentava a reeleição, perdeu pelo critério da idade, usado quando os candidatos recebem o mesmo número de votos. Ele tinha 45 anos no dia da eleição, enquanto Jair, o vencedor, estava com 75.

1.919 eleitores votaram no Candidato que disse: “Comprei o diploma, sou analfabeto, mas sei trabalhar”.
 
E aí?
 
O que será que esse prefeito está fazendo com a verba da merenda?

Everaldo Júnior