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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Federação Catarinense quer proibir protestos

A Federação Catarinense de Futebol pirou!!!
A FCF quer utilizar o Estatudo do Torcedor para prejudicar o torcedor. Entende???
Palhaçada!!!
Censura!!!

Federação Catarinense proíbe protestos contra Teixeira

A Federação Catarinense de Futebol (FCF) anunciou nesta quinta-feira, por meio de nota publicada em seu site oficial, que não tolerará protestos contra o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, no clássico de domingo, entre Figueirense e Avaí, no Orlando Scarpelli. Organizados via internet, torcedores de diversos clubes do País prometem uma série de manifestações contrárias ao mandatário do futebol brasileiro na rodada de clássicos do Brasileirão, neste final de semana.

A FCF, se dizendo respaldada também pelas posturas adotadas pelos presidentes de Avaí e Figueirense, que "se mostraram absolutamente contrários a este tipo de atitude por parte de seus torcedores", ressalta que qualquer manifestação contrária a Ricardo Teixeira se configuraria numa infração ao artigo 13-A, inciso IV do Estatuto do Torcedor. Ali se lê que, para ter acesso e permanecer em um recinto esportivo, não é permitido ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenofóbico. As críticas a Teixeira se caracterizariam como ofensas.

Desta forma, a Federação Catarinense lembra que o não cumprimento das condições estabelecidas neste artigo implica a proibição de ingresso do torcedor no estádio ou, se for o caso, o seu afastamento imediato do estádio. Deixa claro que o torcedor que protestar contra Teixeira poderá ser expulso do Orlando Scarpelli.

A FCF ainda reafirma o apoio a Ricardo Teixeira, "que sempre foi um amigo e deu suporte ao futebol catarinense", usando como argumento um trecho da Constituição Federal que diz que "ninguém será considerado culpado até o transito em julgado ter sentença penal condenatória".






segunda-feira, 22 de agosto de 2011

RedeTV! transmitirá o UFC RIO ao vivo

A RedeTV! transmitirá o UFC RIO ao vivo e com exclusividade para a TV aberta a partir das 22h do dia 27 de agosto de 2011.


A RedeTV transmitirá todo o card principal

Card Principal:
Anderson Silva x Yushin Okami
Disputa do cinturão dos Médios

Maurício Shogun x Forrest Griffin
Peso Meio-Pesado

Brendan Schaub x Rodrigo Minotauro
Peso Pesado

Ross Pearson x Edson Barboza
Peso Leve

Luiz Banha Cane x Stanislav Nedkov
Peso Meio-Pesado
 

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Campeonato Brasileiro ou Torneio Rio-São Paulo?


Os clubes do eixo Rio-São Paulo estão "mandando" no Campeonato Brasileiro de Futebol

Os 6 primeiros colocados são destes dois estados. 

Tudo indica que este subconjunto (8 clubes no total) abocanhará:

1. O campeonato brasileiro;
2. Todas as vagas da Libertadores;
3. O título de artilheiro do campeonato;
4. O título de melhor jogador do campeonato;
5. E o que tiver em disputa.

Um torneio Rio-São Paulo com convidados de vários estados. Precisa mudar.

Mas a grana da TV e dos patrocinadores jorra no eixo Rio-SP e pinga no resto!!! O que fazer???

O resto (a maioria) precisa se organizar. Investir forte na base. Segurar mais os talentos. Estreitar o relacionamento com o torcedor.

Tudo indica que + 2 clubes paulistas subirão da Série B para a A. O eixo Rio-SP terá 10 representantes, a metade. Um cenário ruim para o futebol brasileiro.


Everaldo Júnior
Torcedor do Bahia


 
TimesP J V E D GP GC SG %
1CorinthiansCorinthians3717114229141572
2FlamengoFlamengo341797131191266
3São PauloSão Paulo331710342821764
4VascoVasco331710342520564
5BotafogoBotafogo28178452417754
6PalmeirasPalmeiras281777322121054
7InternacionalInternacional26177552520550
8FluminenseFluminense24168081917250
9CoritibaCoritiba24177373123847
10FigueirenseFigueirense23176561721-445
11CearáCeará22176472427-343
12CruzeiroCruzeiro21176382319441
13BahiaBahia20174852022-239
14Atlético-GOAtlético-GO19175481920-137
15GrêmioGrêmio18164661621-537
16Atlético-PRAtlético-PR16174491725-831
17SantosSantos15154381825-733
18Atlético-MGAtlético-MG151743102233-1129
19AvaíAvaí131734101838-2025
20América-MGAmérica-MG 12172691933-14
23

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Romário e Roberto Dinamite juntos no Vasco


CR Vasco da Gama Campeão da Taça Guanabara de 1986

Na foto estão de pé Paulo Roberto, Moroni, Vitor, Paulo Sérgio, Lira e Donato. Agachados: Mauricinho, Roberto Dinamite, Mazinho, Geovani e Romário.




VASCO CAMPEÃO CARIOCA DE 1987

Em pé: Paulo Roberto, Acácio, Fernando Henrique, Mazinho e Donato. Agachados: Tita, Geovani, Roberto Dinamite, Luís Carlos e Romário.

MANIFESTO DOS DELEGADOS FEDERAIS

Este é um MANIFESTO DOS DELEGADOS FEDERAIS. Mas quem assina é o POVO.

Estamos cansados!

O Brasil tem recursos naturais e econômicos para construir uma grande nação. Falta competência. Sobra ladrão.

País rico é país sem corrupção.


Everaldo Júnior




Nota de Esclarecimento: atuação da Polícia Federal no Brasil
12/08/2011 - 18:31

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal vem a público esclarecer que, após ser preso, qualquer criminoso tem como primeira providência tentar desqualificar o trabalho policial. Quando ele não pode fazê-lo pessoalmente, seus amigos ou padrinhos assumem a tarefa em seu lugar.

A entidade lamenta que no Brasil, a corrupção tenha atingido níveis inimagináveis; altos executivos do governo, quando não são presos por ordem judicial, são demitidos por envolvimento em falcatruas.

Milhões de reais – dinheiro pertencente ao povo- são desviados diariamente por aproveitadores travestidos de autoridades. E quando esses indivíduos são presos, por ordem judicial, os padrinhos vêm a publico e se dizem “ estarrecidos com a violência da operação da Polícia Federal”. Isto é apenas o início de uma estratégia usada por essas pessoas com o objetivo de desqualificar a correta atuação da polícia. Quando se prende um político ou alguém por ele protegido, é como mexer num vespeiro.

A providência logo adotada visa desviar o foco das investigações e investir contra o trabalho policial. Em tempos recentes, esse método deu tão certo que todo um trabalho investigatório foi anulado. Agora, a tática volta ao cenário.

Há de chegar o dia em que a história será contada em seus precisos tempos.

De repente, o uso de algemas em criminosos passa a ser um delito muito maior que o desvio de milhões de reais dos cofres públicos.

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal colocará todo o seu empenho para esclarecer o povo brasileiro o que realmente se pretende com tais acusações ao trabalho policial e o que está por trás de toda essa tentativa de desqualificação da atuação da Polícia Federal.

A decisão sobre se um preso deve ser conduzido algemado ou não é tomada pelo policial que o prende e não por quem desfruta do conforto e das mordomias dos gabinetes climatizados de Brasília.

É uma pena que aqueles que se dizem “estarrecidos” com a “violência pelo uso de algemas” não tenham o mesmo sentimento diante dos escândalos que acontecem diariamente no país, que fazem evaporar bilhões de reais dos cofres da nação, deixando milhares de pessoas na miséria, inclusive condenando-as a morte.

No Ministério dos Transportes, toda a cúpula foi afastada. Logo em seguida, estourou o escândalo na Conab e no próprio Ministério da Agricultura. Em decorrência das investigações no Ministério do Turismo, a Justiça Federal determinou a prisão de 38 pessoas de uma só tacada.

Mas a preocupação oficial é com o uso de algemas. Em todos os países do mundo, a doutrina policial ensina que todo preso deve ser conduzido algemado, porque a algema é um instrumento de proteção ao preso e ao policial que o prende.

Quanto às provas da culpabilidade dos envolvidos, cabe esclarecer que serão apresentadas no momento oportuno ao Juiz encarregado do feito, e somente a ele e a mais ninguém. Não cabe à Polícia exibir provas pela imprensa.

A ADPF aproveita para reproduzir o que disse o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos: “a Polícia Federal é republicana e não pertence ao governo nem a partidos políticos”.


Brasília, 12 de agosto de 2011

Bolivar Steinmetz
Vice-presidente, no exercício da presidência

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Novas regras para TV por assinatura


O Senado aprovou as novas regras para TV por assinatura. A oposição deu o maior "piti"!

A oposição não quer mudar o cenário. É essa a oposição responsável ???

O projeto democratiza a produção e a distribuição de programação.

É um passo à frente.


Everaldo Júnior



17/08/2011 - 08h52
Senado aprova projeto com novas regras para TV por assinatura

O Senado aprovou nesta terça-feira (16) o projeto de lei (PLC) 116, que define o novo marco regulatório para o serviço de TV por assinatura no país. 

De acordo com o projeto, as empresas de telecomunicações poderão passar a transmitir conteúdos de TV a cabo. Essa possibilidade vinha sendo defendida, entre outros, pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

O texto também estabelece a exigência de que os canais fechados incluam, em suas programações, espaços mínimos para produções locais, regionais e nacionais.

Parlamentares da oposição criticaram o projeto. O líder do PSDB no Paraná, senador Álvaro Dias, disse que o texto atribui à Ancine (Agência Nacional do Cinema) prerrogativas de agência reguladora do setor, o que apontaria a intenção do governo em censurar os conteúdos da TV paga.

"O projeto passa a permitir que a Ancine autorize ou não a programação de um canal de TV paga, defina qual é o seu horário nobre, podendo caçar, banir esse canal de ser veiculado. Portanto são poderes exorbitantes", declarou.

O líder do Democratas de Goiás, senador Demóstenes Torres, disse que seu partido pretende questionar na Justiça o conteúdo do projeto.

"Nós vamos questionar no STF tudo isso que consideramos censura, xenofobia, agressão à constituição, essa quantidade enorme de artigos inconstitucionais que colocaram dentro dessa lei", disse.

Mas o relator da matéria, senador Valter Pinheiro (PT-BA), negou qualquer intenção do texto em censurar conteúdos televisivos, e defendeu a sua aprovação.

"Não se trata de regulação cultural. É sim, na prática, um aspecto da regulação econômica com o objetivo inclusive de ampliar a concorrência, a diversidade da oferta", defendeu.

Apesar dos protestos da oposição, o projeto segue direto para a sanção da Presidente da República.

Mitos da população mundial


Epidemias, guerras, caos político, hábitos culturais... muitos fatores orientam a demografia de um país. Porém, em todas as partes, uma das principais características do século XXI será o envelhecimento da população, que pode ser estimado pelo aumento da proporção de idosos: 5,2% em 1950, 7,6% em 2010 e 16,2% em 2050

por Gérard-François Dumont

Demografia, somente tolices foram pronunciadas em seu nome...

“A humanidade tem uma natalidade desenfreada.” Não, pois há várias décadas as taxas de natalidade diminuem consideravelmente e em todos os lugares, em razão do que se convencionou chamar de “transição demográfica”, período durante o qual a população apresenta diminuição da natalidade e da mortalidade, antes muito elevadas.

“Devemos temer uma verdadeira explosão demográfica.” Podemos nos acalmar: a bomba não vai estourar. O maior fenômeno do século XXI não será o crescimento rápido da população, mas sim seu envelhecimento.

“Viveremos em um planeta esmagado pela superpopulação.” Não novamente, pois a concentração humana em pequenos territórios, induzida pela urbanização, leva ao despovoamento de outras regiões.

“Os fluxos migratórios Sul-Norte vão nos submergir.” É ignorar que as novas lógicas migratórias engendram mobilidades em todos os sentidos, entre as quais importantes migrações Sul-Sul.

Resumindo, “a população mundial” não existe: ela é um agregado sem significado, um somatório de realidades tão diferentes que usá-la significaria misturar alhos com bugalhos. Guiné e Portugal têm praticamente a mesma população (10,8 milhões de habitantes para o primeiro e 10,7 milhões para o segundo). Devemos deduzir daí que esses dois países ocupam uma posição similar na demografia mundial? Talvez não. Se os compararmos, todos os indicadores divergem: a taxa de crescimento natural da Guiné, por exemplo, é positiva (+ 3%), enquanto a de Portugal é negativa (− 0,1%).

Falar de indicadores demográficos da população mundial é apagar as dinâmicas particulares: aquelas de países com taxa de natalidade elevada e baixa expectativa de vida (como o Níger e o Mali) ou de países nos quais a taxa de natalidade é tão baixa que não compensa a taxa de mortalidade (como a Rússia e o Japão). No caso japonês, o aumento considerável da taxa de mortalidade nos anos 2000 não se deve a comportamentos de risco ou a uma deterioração do sistema sanitário, mas exclusivamente ao envelhecimento.

O mundo é composto de populações diversas, com indicadores diferentes e modos de povoamento variados, como é mostrado pelas extraordinárias variações de densidade (de 1.141 habitantes por quilômetro quadrado em Bangladesh a 5,9 no Gabão). Aqui também: considerar apenas as médias agregadas de um exemplo é condenar-se a não enxergar nada.

O século XX foi testemunha de uma evolução sem precedente: o povoamento da terra quadruplicou (de 1,6 bilhão em 1900 para 6,1 bilhões em 2000). Esse crescimento resulta da junção de quatro fenômenos. Desde o fim do século XVIII, certos países do hemisfério Norte começavam a apresentar uma queda da mortalidade (infantil, infantojuvenil e materna) que, no século XIX e depois no XX, espalhou-se nos países do Sul (na Índia, por exemplo, a partir dos anos 1920). As razões: avanços da medicina e da farmacêutica, difusão de comportamentos higiênicos e progresso técnico-agrícola que permitiu uma alimentação mais regular e variada. Em dois séculos, a porcentagem de recém-nascidos mortos antes de completar 1 ano de vida diminuiu 80% “em média” no mundo, mas ela foi dividida por cinquenta nos países mais desenvolvidos. A mortalidade de crianças e de adolescentes diminuiu de maneira ainda mais pronunciada, assim como a mortalidade materna, que trouxe como resultado uma mudança no equilíbrio entre os sexos: o sexo dito “fraco” se tornou demograficamente o mais forte – o que nunca tinha acontecido na história da humanidade.

Além disso, as pessoas idosas vivem mais tempo, em decorrência da melhora, desde os anos 1970, da medicina e das infraestruturas sanitárias. A mecanização de algumas atividades trouxe, entre outros benefícios, melhores condições de trabalho, contribuindo para aumentar a expectativa de vida, que quase dobrou em um século (de 37 anos em 1900 para 69 anos em 2010).

A baixa histórica da fecundidade provocou uma desaceleração demográfica clara: a taxa anual média de crescimento passou de uma máxima histórica de mais de 2% no final dos anos 1960 (muitos países se encontravam então em plena transição demográfica) para 1,2% em 2010. Em cinquenta anos, a população mundial aumentou 142%: de 2,5 bilhões em 1950 para 6,1 bilhões em 2000. Segundo a projeção média da ONU, a população deverá se elevar a 9,1 bilhões em 2050. Isso significa, no entanto, falar em excesso? Se esses 9,1 bilhões emigrassem para os Estados Unidos, deixando todo o resto da Terra deserto, a densidade dos Estados Unidos seria ainda inferior àquela da região de Île-de-France atualmente...

Envelhecimento inédito

O envelhecimento será o fenômeno inédito do século XXI. Ele poderá ser medido seja pelo aumento da proporção de pessoas idosas (5,2% em 1950, 7,6% em 2010 e 16,2% em 2050, segundo as previsões da ONU),1 seja pela evolução da idade mediana (24 anos em 1950, 29 anos em 2010 e cerca de 38 anos em 2050).2

Por um lado, o aumento da expectativa de vida amplia o círculo da terceira idade. Por outro, a diminuição da fecundidade reduz o efetivo de jovens; seus efeitos são particularmente importantes nos países em fase de “inverno demográfico”, nos quais a fecundidade está há várias décadas claramente abaixo do nível de renovação das gerações (cerca de 2,1 filhos por mulher em média). No caso desses países, somente uma promoção considerável da fecundidade (e não muito tardia, pois o número de mulheres em idade de procriar diminui sensivelmente) ou dos aportes migratórios de populações jovens e fecundas poderia permitir a manutenção do nível necessário para uma simples renovação das gerações.

Avalia-se o envelhecimento da população medindo a parte crescente das pessoas idosas em relação à população total. Mas é igualmente necessário medir o aumento do número absoluto de pessoas idosas de mais de 65 anos – o que chamamos de “gerontocrescimento”: 130 milhões em 1950, 417 milhões em 2000, podendo atingir 1,486 bilhão em 2050. Essa distinção entre envelhecimento e “gerontocrescimento” permite capturar as evoluções mais contrastadas, de acordo com o país. Em certos casos, esses dois fenômenos não evoluem de maneira idêntica, sob o efeito, por exemplo, de um sistema migratório atrativo para populações jovens e repulsivo para as populações idosas.

A urbanização aparece como um fenômeno importante, posto que em 2008, segundo os números das Nações Unidas (discutidos por modalidades, mas não no geral), os habitantes das cidades ultrapassaram em número a população rural pela primeira vez.3 Este é o grande paradoxo do século XXI: nunca a população mundial foi tão numerosa e nunca foi tão concentrada em espaços tão reduzidos: o mundo se “metropoliza” inexoravelmente sob o efeito de uma espécie de motor em três tempos.

O primeiro tem a ver com a predominância do setor terciário nos espaços urbanos mais populosos, que atraem uma população ativa disponível em razão do crescimento da produtividade agrícola. O segundo vem do desejo dos lares de ter um amplo leque de possibilidades de emprego, em um contexto de diversidade crescente de atividades, de mobilidade profissional desejada ou imposta, ou de pobreza no mundo rural. Enfim, as metrópoles são os territórios mais adequados à implantação de um “espaço-mundo”, facilitando muito as conexões. Além disso, elas dispõem de uma atratividade ligada a seu poder político, o qual depende de seu status institucional (capital regional, nacional, sede de instituições públicas internacionais), e às filiais estrangeiras de firmas transnacionais que se localizam principalmente nas grandes cidades.

A intensidade da concentração urbana difere muito entre diversos países: na Índia, 29% dos habitantes vivem em cidades, 33% no Congo, 73% na Alemanha e 79% nos Estados Unidos. Os fatores de explicação são muito variáveis. A alta taxa brasileira se explica principalmente pela herança da colonização, que fundou cidades encarregadas de assegurar o controle político e econômico do território e de centralizar a exclusividade dos intercâmbios com a metrópole portuguesa. A pequena taxa chinesa se deve em boa parte ao regime comunista, que durante muito tempo fixou seus trabalhadores rurais; nesse contexto, Pequim, com seus 12 milhões de habitantes, é uma capital pouco populosa em relação à importância demográfica do país. Em outros países, os conflitos desenraizaram as populações rurais, acentuando o peso demográfico de cidades como Bogotá, Amã, Calcutá ou Kinshasa.

Os países muito centralizados, como a França ou o Irã, dotaram-se de uma estrutura urbanamacrocéfala, na qual a capital política é dominante em todas as funções: econômica, financeira, universitária e cultural. Outros países, como a Espanha ou a Bolívia, tiveram uma urbanização bicéfala, dominada por duas cidades (Madri e Barcelona; La Paz e Santa Cruz); a Alemanha, por sua vez, está organizada em uma “rede urbana” mais equilibrada, que interliga diversas cidades hierarquizadas de maneira harmoniosa.

Uma paisagem demográfica inédita

Transições demográficas em curso nos diferentes países do Sul, “inverno demográfico” em certos países do Norte, envelhecimento da população, urbanização sem precedentes: eis o que desenha uma paisagem demográfica inédita. Soma-se a questão das circulações migratórias: 214 milhões de pessoas4 residem de modo permanente em um país diferente daquele em que nasceram – um número que não inclui nem refugiados nem deslocados.

Ao contrário do que diz o senso comum, as migrações são regulares e permanentes. E majoritariamente legais: hipermidiatizadas, as migrações clandestinas são estatisticamente ínfimas. A história e a geografia contribuíram para a construção de “pares migratórios” compostos de países. Eles podem se basear em uma proximidade geográfica − Burkina Faso e Costa do Marfim, Colômbia e Venezuela, México e Estados Unidos, Malásia e Cingapura, Itália e Suíça… – ou em uma história comum – Filipinas e Estados Unidos, Argélia e França, Índia e Reino Unido etc. –, enfim, relações herdadas da colonização e perenizadas, de jure ou de facto, depois da descolonização. Como no caso do movimento de urbanização, mesmo se fatores políticos (guerras, conflitos civis, regimes liberticidas) forçam a emigração, são os fatores econômicos que continuam sendo o motor principal.

No século XIX, a pobreza levou muitos espanhóis, suíços e italianos a emigrar para a América Latina. A demografia propriamente dita é um terceiro fator de migração: no século XIX, a França, em razão de uma diminuição muito precoce de sua fecundidade, tornou-se o único país europeu de imigração. No século XXI, a diminuição da população ativa em diferentes países desenvolvidos faz que se atraiam imigrantes sobretudo para cobrir um déficit de mão de obra em determinados setores profissionais.

Entretanto, a polarização entre países de emigração perdeu sua pertinência. As migrações são cada vez mais circulares: o Marrocos, por exemplo, é um país de emigração para a Europa e para a América do Norte; um país de trânsito para os migrantes da África subsaariana cujo destino final é a Europa; e um país de imigração para os migrantes da África subsaariana que acabaram finalizando – sem ter necessariamente planejado – seu percurso migratório.

Do mesmo modo, a Espanha é um país de emigração, sobretudo para as migrações empresariais para países do Norte ou da América Latina; um país de trânsito para os africanos que vão para a França; e um país de imigração do Marrocos, da Romênia ou da América andina. Para além da imagem cartográfica que poderia indicar um saldo migratório (que mascara a intensidade dos fluxos de imigração e de emigração) por país, evidencia-se hoje que a maior parte dos países assume os três papéis.


BOX

GLOSSÁRIO:

Idade mediana.Idade que divide as pessoas de um país (ou região) em dois grupos iguais.

Classes vazias. Gerações cujos efetivos são menos numerosos que aqueles das classes de idade precedentes e seguintes.

Despovoamento.Diminuição do número de habitantes em um território.

Despopulação.Déficit de nascimentos em relação às mortes. A despopulação não gera despovoamento se o saldo migratório compensá-la.

Expectativa de vida com boa saúde. Número de anos que um grupo de pessoas pode esperar viver, em média, sem uma deficiência importante.

Gerontocrescimento. Aumento do número de idosos em determinada população.

Inverno demográfico.Situação de um país cuja taxa de natalidade continua a diminuir no final da transição demográfica (ver definição),enquanto a taxa de mortalidade se estabiliza – isso acentua o envelhecimento das populações num ritmo mais ou menos rápido.

Migração empresarial.Migração internacional relacionada às decisões das empresas que fazem seus empregados migrar.

Migração econômica.Deslocamento internacional de pessoas que desejam trabalhar fora de seu espaço nacional, muitas vezes motivadas por uma desigualdade entre o país de origem e o de destino.

Migração familiar.Deslocamento de famílias ou de alguns de seus membros que vão se juntar a uma ou mais pessoas que migraram anteriormente.

Relação de dependência total.Número de jovens e de idosos relacionado à população adulta em idade de trabalhar. Os primeiros dependem dos últimos.

Relação de masculinidade média.Efetivos masculinos de uma população em relação a cem pessoas do sexo feminino.

Relação de masculinidade ao nascer.Efetivos de recém-nascidos do sexo masculino em relação aos recém-nascidos do sexo feminino.

Limiar de simples substituição das gerações.Índice de fecundidade necessário para que as mulheres de uma geração sejam substituídas por um número igual à geração seguinte, portanto, trinta anos depois

Taxa de crescimento natural. Diferença entre o número de nascimentos e o de mortes, em relação à população do ano considerado.

Taxa de mortalidade.Número de mortes durante um espaço de tempo (em geral, um ano) em relação à população do período.

Taxa de mortalidade juvenil. Número de crianças mortas antes de atingir 5 anos em relação a mil nascidos vivos no mesmo período.

Taxa de mortalidade infantoadolescente.Número de pessoas de uma geração mortas entre 1 ano completo e a idade adulta, portanto, crianças e adolescentes (geralmente antes da idade de 20 anos), em relação ao número de nascimentos dessa geração.

Taxa de mortalidade materna. Número de mulheres que morrem em decorrência do parto ou de suas consequências por 100 mil nascidos vivos em determinado ano.

Transição demográfica.Período durante o qual uma população passa de um regime de mortalidade e fertilidade elevadas para um regime de baixa mortalidade e depois de baixa taxa de natalidade



Gérard-François Dumont
Professor da Universidade de Paris-Sorbonne e presidente da revista Population & Avenir.

 
1 Estatísticas da divisão de população da ONU.
2 Ibidem.
3 Ler o dossiê “Mégapoles à l’assaut de la planète”,Le Monde diplomatique, abril de 2010.
4 Estatísticas “International migration 2009” da divisão de população da ONU.






segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Salvador

Fotos de uma cidade maravilhosa. Uma cidade bonita. Casa de uma gente feliz.

Uma cidade pobre, maltratada pelos governantes. Esqueceram de investir em tudo. Péssima distribuição de renda.

Cidade rica em cultura. Brota artista pelos cantos. Cidade da música, do teatro, da literatura. do Sol. A pobreza econômica enfraquece tudo. Só o Sol continua forte.

Everaldo Júnior














*estou tentando descobrir o nome do fotógrafo

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Aprovado em concurso dentro das vagas tem direito à nomeação, garante STF


Aprovado em concurso dentro das vagas tem direito à nomeação, garante STF
Gustavo Henrique Braga
Diego Abreu
Publicação: 10/08/2011 21:16 Atualização: 10/08/2011 22:44

Os concurseiros ganharam um motivo para comemorar. Em julgamento de um recurso do estado do Mato Grosso do Sul nesta quarta-feira (10/08), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a administração pública tem a obrigação de nomear os aprovados em concurso em quantidade equivalente ao estipulado no edital. Isso tem de ocorrer dentro do prazo de validade do certame. Dessa forma, o tribunal acaba com a agonia de candidatos aprovados que ficam indefinidamente à espera da nomeação.

"Entendo que o dever de boa-fé da administração pública exige o respeito incondicional às regras do edital, inclusive quanto à previsão das vagas no concurso público. Tal fato decorre do necessário e incondicional respeito à segurança jurídica", afirmou o relator do julgamento, ministro Gilmar Mendes.

A posse tem que ocorrer durante o prazo de validade do processo seletivo. A conquista dos concurseiros tem impacto direto nas contas públicas, especialmente em um momento em que muitos certames federais foram paralisados devido aos cortes no orçamento.

O caso julgado tem repercussão geral, um mecanismo que determina que toda a Justiça brasileira siga o entendimento do STF. No recurso, o estado do Mato Grosso do Sul argumentou que não há qualquer direito líquido e certo à nomeação dos aprovados, de forma a preservar a autonomia da administração pública, "conferindo%u2013lhe margem para aferir a real necessidade de nomeação". A unanimidade dos votos, entretanto, foi pela obrigatoriedade das contratações, corroborando decisões anteriores do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Na avaliação do ministro Carlos Ayres Britto, o Supremo decidiu claramente que existe o direito do candidato aprovado em concurso público a nomeação dentro do número de vagas oferecidas por edital. "Nós já vínhamos ampliando esse direito, para fazer dele não uma mera expectativa, mas uma qualificada expectativa de nomeação, mas essa decisão foi muito além, ao reconhecer para os candidatos nomeados o direito a respectiva nomeação, tirante situações excepcionalíssimas, em que a administração pública tem que declinar os motivos formalmente", afirmou Britto. Entre as situações excepcionais que justificariam a negativa de nomeação dos aprovados estão crises econômicas de grandes proporções, guerras e fenômenos naturais que causem calamidade pública.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Santos FC alcança 11.700 gols


http://www.santosfc.com.br/capa.asp


Neste domingo (07), o tento solitário do Peixe contra o Ceará, marcado por Borges, foi mais do que simbólico. Foi o 11.700º.

Foram 11.700 gritos de êxtase em 99 anos de história. Nenhum time no mundo chegou tão longe em gols, glórias e ídolos ao longo de 5.536 partidas. De Arnaldo Silveira, no dia 15 de setembro de 1912, a Borges, neste 7 de agosto de 2011, foram 36.120 dias de história no Brasil e no exterior.

Fonte: http://www.santosfc.com.br/noticias/conteudo.asp?id=25043

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Caminhos, rios e oceanos tricolores


Ir aos jogos do Bahia não tem preço. É uma "coisa de louco". No bom sentido, é claro!

Ao colocar os pés na rua, respiramos o ar que só um dia especial tem. Mais um, mais dois, mais três... perdemos a conta de quantos estão fazendo o mesmo: indo ao encontro do Esquadrão.

Nas proximidades do estádio é sempre uma festa. Um mar tricolor em movimento. Chegamos de ônibus, de carro ou à pé. Sempre chegamos acreditando na vitória.

O espaço existente entre a residência e o estádio, o caminho de ida, é muito interessante. Alguns seguem quietos, outros escancaram o amor pelo clube. Buzinas, bandeiras e músicas fazem parte do repertório. Se ouve: "Bora Bahêêêêêêêêêa!!!", "Somos da turma tricolor...", buzinas, buzinas, buzinas... "...mais um Bahia, mais um Bahia...", mais buzinas, outras músicas, de tudo um pouco.

O torcedor que está na rua e que não está indo ao jogo fica morrendo de inveja. Os olhos brilham. Pensa: "Porque não estou indo?", "Será que ainda dá tempo?". Às vezes dá, e ele vai!

Os vários rios humanos que desembocam no estádio representam bem a sociedade. Tem juiz, lavrador, bancário, advogado, contador, doutor, verdureiro, empacotador, desempregado, aposentado, estudante. Todo tipo de trabalhador, todo tipo de desocupado. O importante é que cada um vale um. Juntos valem muito.

Encontramos nos olhos alheios o que está nos nossos olhos: a paixão. É essa força que transforma "rios" em um "oceano tricolor". É tão bom fazer esse caminho.

Essa é a nossa sina: caminhar e cantar; vibrar, gritar, torcer e chorar; rir e pular; vencer, amar.

O Amor sempre abre caminhos.


Everaldo Júnior
Torcedor do Bahia

Primeiro Campeão Brasileiro

Time da final, campeão do Brasil: Nadinho, Leone, Henrique, Flávio, Vicente e Beto; Agachados: Marito, Alencar, Léo, Bombeiro e Biriba



+ informações:
http://www.esporteclubebahia.com.br/especial_1959.asp

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

EUA: os mitos e a História

EUA: os mitos e a História

Toda reconstrução histórica, por mais isento seja o pesquisador, corre o risco de se transformar em mitologia. Os heróis crescem em cada nova versão de seus feitos, geração após geração. Homero, em sua cegueira, viu os heróis míticos – já agigantados nas rapsódias de poetas anônimos e mais antigos – sob o esplendor de suas luzes interiores. Os rochedos e as correntes marinhas do estreito de Messina se transformam em monstros e sereias. Os prováveis conquistadores da pequena cidade costeira de Tróia e seus defensores se elevam à natureza de titãs.
As cores, na alma dos cegos, são muito mais intensas, e, da mesma forma, maiores os gigantes, mais rijos os heróis; a morte, quanto mais terrível, mais gloriosa. Mas os cegos não são apenas aqueles desprovidos da visão convencional. Confirmando o ditado popular, piores são os cegos que não querem ver.

Quando surgem os destruidores de mitos, nascem os construtores do homem. O mais belo dos mitos, o do Cristianismo, é, na sua essência, o não mito: é na debilidade de um homem açoitado, vaiado por seus conterrâneos, desdenhado e crucificado, que o verdadeiro cristianismo levanta seus alicerces.
Todos os povos temem confrontar-se com seus próprios mitos. E quanto mais grandiosos eles sejam, mais dramática é a tarefa de reduzi-los aos módulos humanos. Os Estados Unidos são o mais mitológico dos paises modernos, e é no embalo dessa mitologia que eles foram construindo o seu destino. Há um livro de leitura obrigatória sobre a reconstrução de seu passado, traduzido ao português, Mitos sobre a fundação dos Estados Unidos, do historiador americano Ray Raphael, publicado pela Civilização Brasileira em 2004. O autor desmonta os mais fascinantes mitos da Revolução e da criação da República, da famosa marcha de Paul Revere à Declaração da Independência e aos feitos bélicos de George Washington. Paul Revere foi um dos três mensageiros que alertaram contra a movimentação dos ingleses – e não o único “cavaleiro da meia-noite” do mito; Jefferson foi apenas um dos cinco redatores da Declaração da Independência, e não seu autor solitário; as tropas rebeldes cometeram tantas atrocidades contra os civis quanto as realistas. Enfim, a mitologia dos pais fundadores surgiu de autores que reescreveram a História, décadas depois, durante o período de afirmação nacionalista e da presunção do “Destino Manifesto”, na segunda metade do século 19.
É certo que todas as nações necessitam de heróis, mas esses heróis são bem maiores quando se trata de homens comuns, com seus temores, suas fraquezas, suas incertezas. Em 1908, outro livro, de título semelhante, e citado por Ray Raphael – Mitos e fatos da Revolução Americana – mostra a raiz da distorção histórica:
“Que utilidade política pode haver em descobrir, ainda que seja verdade, que Washington não era assim tão sábio, nem Warren tão corajoso, nem Putnam tão aventuroso, nem Bunker Hill disputado heroicamente, como se tem acreditado? Chega de tanto ceticismo, dizemos; e da crítica bisbilhoteira com a qual às vezes se tenta sustenta-lo. Essas crenças, de qualquer modo, tornaram-se reais para nós quando penetraram na própria alma da nossa história e formaram o estilo de nosso pensamento nacional. Tira-las, agora, seria uma desorganização danosa da mente nacional”.
A História oficial norte-americana tem suas razões para raras vezes citar o mais inquietante de seus personagens, o jornalista inglês Tom Payne. Payne era o tipo perfeito do anti-herói: cachaceiro, utópico defensor de uma sociedade igualitária, pregador da educação para todas as crianças pobres, sonhador de uma “justiça agrária”, e autor do mais importante paper em favor da Independência, The Common Sense. Ele era, em tudo por tudo – até mesmo pelo seu autodidatismo – o contrário dos aristocratas virginianos e bostonianos que a mitologia americana cultua como os pais fundadores.
De mito em mito, os norte-americanos construíram sua civilização e, diga-se a verdade, amedrontaram grande parte do mundo. Agora, no entanto, começam a descobrir a sua própria verdade, ao mesmo tempo que vêem crescer o apelo à mitologia. A direita norte-americana recorre ao famoso episódio da revolta contra a tributação do chá – outro mito desfeito por Ray Raphael – e tenta amarrar-se à ficção histórica, com a presunção de que possa reeditar o “Destino Manifesto” de John L. Sullivan, de 1845, texto visto como justificação ideológica para a guerra de conquista contra o México, que se iniciaria no ano seguinte.
Há quem preveja nova guerra civil nos Estados Unidos, e essa profecia, que pode parecer insana, encontra alguma base na divisão nítida entre os republicanos envenenados pela mitologia do Tea Party e a população pobre que irá pagar pela avidez doentia de seus banqueiros e chefes militares.
Os tempos são novos. Não estamos mais no governo de Roosevelt e seu “new deal”. Diante da crise de 1929, que se estendeu até sua posse, o presidente valeu-se dos recursos fiscais acumulados, a fim de socorrer os trabalhadores, criando empregos para tarefas até mesmo desnecessárias, mas não dando dinheiro aos banqueiros nem aos outros especuladores no mercado de capitais, que haviam provocado o desastre. Pouco a pouco, a população se torna a cada dia mais bem informada, e não é improvável que os descontentes venham a organizar-se.
Os donos do poder nos Estados Unidos continuam insistindo nas versões “patrióticas” construídas pelos interesses das famílias no poder, mas começa a crescer a consciência da realidade. As derrotas sucessivas mostram que a invencibilidade militar ianque é outro mito, e é melhor somar-se à Humanidade do que pretender dominá-la.

Torcida do Bahia, A TORCIDA NOTA 1.000!!! (Bahia x Flamengo)



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

‘Nada contra, mas…’, por Matheus Pichonelli da Carta Capital

‘Nada contra, mas…’

 Matheus Pichonelli
Existem várias maneiras de se esconder o preconceito num discurso aparentemente amigável às minorias no Brasil. Uma delas é quando a discussão, no bar, nas escolas ou nos fóruns eletrônicos da internet tem início com uma espécie de vacina contra uma possível blitz anti-politicamente correto: “não tenho nada contra essas pessoas, mas…”

A parada gay, exemplo de privilégios da comunidade homossexual em SP apontados pelo vereador
 
É um tipo único de salvo-conduto que dá ao interlocutor o direito de desferir as maiores barbaridades a partir da palavra “mas”. Algumas dessas barbaridades são invisíveis a olhos nus. Escondem-se, geralmente, em argumentos que, no limite, apelam para a necessidade de se respeitar para ser respeitado; ou de se rejeitar “privilégios” para se reivindicar tratamento igualitário. Via de regra, os mesmos argumentos descambam para a fratura mal escancarada do mais autêntico discurso discriminatório: “eles mesmos têm preconceito contra eles”.

Todas essas armadilhas estão pulverizadas, de uma forma ou outra, no argumento do vereador Carlos Apolinário (DEM-SP) ao defender o projeto de sua autoria que institui o Dia do Orgulho Heterossexual na capital paulista. O vereador, que garante ter amigos homossexuais, diz ver como “absurda” a extensão de privilégios a um grupo que sai às ruas uma vez por ano afirmar que não tem vergonha de ser gay. Também diz serem inaceitáveis as regras criadas, ao longo dos últimos anos, para proteger a comunidade gay de uma violência diariamente noticiada nas páginas policiais. Apolinário se diz revoltado por não poder xingar um gay na rua sem correr o risco de ser preso. E também por ver leis criadas para beneficiar conjugues homossexuais como dependentes, por exemplo, de planos de saúde.

Em todos esses casos, o argumento é um só: os gays se acomodaram num colchão de direitos e se tornaram uma espécie de casta privilegiada, adepta à vitimização sem causa e que anda em grupo pelo simples gosto de não se misturar.

A claque ao vereador, no dia seguinte às manifestações públicas de miopia histórica, mostra o quanto conquistas acumuladas pelos movimentos sociais nas últimas décadas ainda incomodam, e não apenas aos mais velhos – como costumam assinalar os que acreditam que o preconceito no Brasil está morto, enterrado ou no máximo mudou de lado. Mostra sobretudo que a violência do preconceito foi, e ainda é, uma herança muito bem cultivada e transmitida de pai para filho na base de discursos, piadas e lâmpadas fosforescentes.

O vereador Carlos Apolinário, que propôs o Dia do Orgulho Hétero em SP
 
No dia seguinte à entrevista, o que mais ouvi de amigos e até familiares foi que o vereador tinha lá certa razão. Um exemplo que ouvi foi que, assim como os gays, as mulheres se contradizem ao pedir condições iguais de tratamento quando já contam até mesmo com delegacias especializadas e leis como a Maria da Penha. Como se o saldo da violência doméstica entre os homens de olho roxo fosse o mesmo de mulheres que, até ontem, evitavam denunciar a agressão masculina em delegacias tomadas por policiais homens que, não raro, legitimavam a ação em nome da “honra” do agressor. E mandavam as mulheres para casa lamentando que a surra havia sido pouca.

Diferentemente do que prega o vereador, quando grupos de orgulho LGBT saem às ruas não estão apenas em busca de festa. Estão dizendo que, diferentemente de outros tempos, não têm mais vergonha da sexualidade nem querem passar o resto da vida trancados no quarto, com medo da reação de amigos e familiares. Demonstram, sobretudo, que estão unidos na pretensão de um dia serem tratados definitivamente como iguais. O que, em pleno 2011, ainda parece longe de acontecer.

Não parece privilégio, por exemplo, querer trabalhar sem que qualquer mérito ou erro seja atribuído à pura opção sexual. Um exemplo simples: não faz muito tempo, um jogador de um grande clube paulista era privado de ter seu nome cantado pela torcida simplesmente por ser gay. Quando fazia gol, ouvia-se pelas arquibancadas: “acertou, mas é gay”. Quando errava, o que se ouvia era: “errou, porque é gay”. Os mesmos “mas” e “porque” se repetem, todos os dias, de todos os meses, de todos os anos, em escolas, repartições, filas, espaço público, cinema ou nas divisões das Forças Armadas.

Mais que uma festa, Parada Gay é um fórum em que a comunidade se manifesta para dizer que não precisa esconder a sexualidade de pais e amigos. Foto: Edson Silva/Folhapress

Tampouco parece privilégio o direito de sair às ruas e pedir simplesmente o direito de se viver em paz. Por isso, chega a soar como provocação dizer que é preciso reagir às manifestações de orgulho gay com outra manifestação: a do orgulho hétero. É o atestado para que se crie uma situação em que uma minoria até pode sair às ruas para pedir o direito simplesmente de existir, mas outros devem também ter o direito de impedir que uma minoria exista. Não são situações iguais, nem demandas iguais, nem direitos iguais. Gays não saem às ruas explodindo lâmpadas fosforescentes na cabeça de heteros ou skinheads, mas o contrário não parece ser falácia.

Pode não ser a intenção do vereador, sempre simpático no tratamento dispensado a jornalistas e que tanto apreço manifesta ao seu cabelereiro gay. Mas, ao ignorar a lógica da discriminação ainda reinante e reduzir a discussão à pregação de que é necessário “tratar como iguais os desiguais”, Apolinário e seus seguidores apenas escancaram a porta de entrada para a legitimação de um verdadeiro massacre que tantas vezes extrapolam as piadas em mesas de bar e se incorporam em perseguição, patrulhamento e agressão.